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Sustain TOTAL - Decifrando a Logística Reversa
25/08/2011
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Parte fundamental da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa deve gerar economia para empresas e melhorar a qualidade de vida da população

A obrigatoriedade da aplicação da logística reversa por diversos segmentos empresariais é um dos principais pontos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). De acordo com a nova legislação, indústrias de agrotóxicos, pilhas, baterias, pneus, lubrificantes, lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos são legalmente responsáveis pela coleta e destinação dos materiais que produzem, depois de serem utilizados pelos consumidores.

Inseridos nessa lógica, consumidores e comerciantes são tão responsáveis quanto as indústrias, pois também estão sujeitos às penalidades. Por isso, quem consumir produtos com impacto ambiental deve retorná-los a centros de distribuição ou postos de venda, quando disponíveis. “Caso isso não seja cumprido, podem estar sujeitos a multas que variam de R$ 50,00 a R$ 500,00” - afirma Patrícia Guarnieri, mestre em engenharia de produção, professora e pesquisadora, além de autora do livro “Logística reversa: em busca do equilíbrio econômico e ambiental”.

Segundo ela, um ano após a regulamentação da PNRS, ainda faltam parcerias entre empresas públicas e privadas para que a logística reversa se torne viável. Ainda assim, já houve avanços neste período. Por exemplo, a mobilização de entidades sócio-ambientais - como o Ministério do Meio Ambiente e associações de produtores de vidros, garrafas pet e empresas de reciclagem - que estão em busca de soluções para implementar a política.

Vantagens e Entraves para Empresas

Segundo o Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB), empresas gastam R$ 18 milhões por ano em logística reversa. Só o custo de transporte toma 60% do total, de acordo com a instituição. “No entanto, é necessário que os gestores compreendam que a logística reversa também proporciona a geração de receitas e economias. O retorno desta atividade é percebido a longo prazo”, salienta Patrícia.

Para a pesquisadora, superadas as dificuldades econômicas, de sistemas de informação e controle de gastos, as empresas podem começar a enxergar a logística reversa como uma aliada. Além da geração de receita e atendimento à legislação, o ganho de imagem também deve ser levado em conta (por serem sustentáveis, seriam mais competitivas). Isso sem falar na economia que a reciclagem e reutilização de materiais acabaria gerando à produção.

Um exemplo bem-sucedido é o setor de agrotóxicos, no qual a logística reversa é realidade desde 2002, quando o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) foi fundado. Dados da instituição apontam que entre 2002 e 2010, foram destinadas corretamente mais de 165 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas, com aproveitamento de 92,5% em reciclagem.

Papel dos Consumidores

A atuação dos consumidores é essencial, visto que só em 2009 foram gerados 57 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de 7% em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

“Os consumidores podem atuar, primeiramente separando o lixo domiciliar, de forma a possibilitar que o mesmo seja revalorizado por meio da reciclagem, upcycling [transformar resíduos em materiais de maior valor], dowcycling [converter resíduos em materiais de menor valor] ou remanufatura [objeto usado passa por processos industriais para ficar em boas condições de uso]”, diz a engenheira. De acordo com Patrícia, conhecer pontos de coletas específicos para cada tipo de resíduo e não descartar o lixo domiciliar em locais impróprios também são tarefas da população.

A pesquisadora comenta que a logística reversa é vantajosa para os consumidores porque há melhora na qualidade de vida (pela redução de lixo descartado incorretamente) e na satisfação pessoal, porque o mercado passaria a ofertar mais produtos e serviços “verdes”. “Para os consumidores, a estruturação de canais reversos possibilita que estes contribuam para a preservação do meio ambiente de forma mais efetiva”, conclui.

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