Quando um computador fica velho, nada melhor do que reaproveitá-lo. E, se a ordem hoje é comprar um novo, já que as ofertas e condições de pagamentos acabam quase sempre sendo mais compensadoras do que as do conserto, nada melhor do que tornar possível o reaproveitamento por empresas de direito. Essa é a premissa da Logística Reversa, que tem como objetivo planejar, operar e controlar o fluxo físico e de informações, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo. Entendeu?
Presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil (CLRB) e autor do livro “Logística Reversa - Meio Ambiente e Competitividade”, Paulo Roberto Leite explica:
“Alguns produtos que estão no mercado voltam às lojas às vezes até sem terem sido consumidos, por algum problema técnico ou por falta de peça. É o tipo de aparelho que precisa de assistência técnica, então, em vez de ir, ele volta. Chamamos isso de logística reversa de pós-venda. Já aqueles produtos que saíram do mercado e foram consumidos retornam através do equacionamento da logística reversa de pós-consumo. São duas áreas novas e grandes, importantes para o Brasil.”
A logística reversa parece complicada, mas pode ser resumida da seguinte forma: o produto sai do que normalmente seria seu destino final, o consumidor, e volta ao lugar de origem, a indústria. No Brasil, já existem quase duzentas empresas atuando no setor e as duas metas principais desse segmento são: o reaproveitamento das matérias-primas contidas nas mercadorias descartadas e a destinação segura de resíduos complexos. A nova filosofia é a de que a vida de um produto não termina com sua entrega ao cliente. Com isso, o que antes era considerado sem utilidade deixou de ser tratado como lixo. A logística reversa agrega valores diversos, como o econômico, o ecológico, o legal, o de prestação de serviços, o de imagem corporativa.
“O mundo está caminhando e as principais empresas estão absorvendo essa visão. Seus executivos perceberam que sustentabilidade ambiental, social e econômica andam juntas. A gente percebe nas empresas líderes uma sensibilidade grande para isso. Esperamos ardentemente que a legislações futuras facilitem esse fluxo reverso porque estamos falando de um processo caro. Os produtos reciclados pagam os mesmos impostos, tudo outra vez, que os produtos novos. Essas atividades empresariais deveriam ter benefícios fiscais para que o fluxo fosse mais eficiente”, comenta Paulo Roberto Leite.
De acordo com Paulo Roberto, os produtos reaproveitados geram uma receita pequena. Para ele, as empresas estão mesmo empenhadas em reduzir a poluição que produzem quando aumentam a comercialização de eletroeletrônicos. O Conselho de Logística Reversa do Brasil tem como função difundir soluções, práticas e conhecimentos, divulgar programas de empresas, oferecer cursos e treinamento especializado e desenvolver diagnósticos e soluções na área.
“As empresas são responsáveis por organizar a logística reversa. Equacionar numa determinada região onde e como serão coletados os bens. Se for um bem pequenininho, como o celular ou pilha, vai ser coletado de forma determinada. Se for uma geladeira ou uma televisão, vai ser de outra maneira. Porque muitas vezes os produtos apresentam riscos. A lâmpada, por exemplo, tem mercúrio, que é perigoso se jogado em qualquer lugar. O Conselho tem ajudado empresas e setores a melhorar esses planos”, diz o
presidente do CLRB.
As empresas só precisam ficar atentas porque o artigo 54 da Política Nacional de Resíduos Sólidos impõe a exposição de resíduos de forma adequada em aterros até 2014. Ou seja, o lixo que tem como ser aproveitado ou remanufaturado vai precisar de solução.
Fonte: Globo.com